sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Por que estudar Literatura?

Olá, galera!
Sejam bem vindos ao nosso blog! Ele tem como objetivo, inicialmente, divulgar informações práticas sobre o nosso curso que está para começar. Mas também será, ao longo do curso, um espaço de discussão, de debate, uma maneira de mantermos uma comunicação com nossos futuros alunos, com os que não puderam se tornar alunos, com os curiosos, enfim, com todos que gostem de fomentar uma boa discussão, baseada em idéias e argumentos.

Como professores, sempre escutamos dos alunos as perguntas: “Pra que estudar Literatura?”, “Pra que seve a Literatura?”.
Nesta época de predomínio da internet, que, apesar de seus benefícios, prende o indivíduo no Orkut, no MSN, em blogs como Kibeloco e etc (e falamos por experiência própria, pois algumas vezes nos surpreendemos presos e lutamos para nos libertar), a Literatura realmente tem parecido bem desinteressante a muitas pessoas. Mas, nesta época de idiotização em massa, é responsabilidade do aluno de Letras e, principalmente, do professor reconhecer e usar a Literatura como ferramenta de esclarecimento, como instrumento do “fazer pensar”.
A literatura, ao mesmo tempo em que reflete uma sociedade, uma maneira de pensar, influencia esta mesma sociedade, configurando novos modos de pensar, num jogo dialético, em que o escritor, tendo ou não consciência disso, assume um papel social.
E vai além. Não só leva o leitor a refletir sobre a sociedade em que está inserido, como o leva a refletir sobre o seu papel nesta sociedade, sobre o que é ser Humano, sobre si mesmo, seus medos, seus sonhos, suas motivações, seus sentimentos!
E não fomos nós, no auge de nossa genialidade, quem descobrimos isso:



Nós só fomos ajudados a perceber isso.
E podemos, sim, repetir os clichês: leitura é diversão, quem lê viaja, é melhor ler do que estudar, pois todos são verdadeiros!



Claro, nem sempre o estudo da Literatura será tão divertido, não é todo livro que vai agradar.
O melhor é encontrar aqueles que agradam, que dão prazer, que divertem. Mas mesmo naqueles que não agradam devemos reconhecer sua capacidade de despertar um raciocínio crítico, de nos trazer cultura, informação, de nos fazer "Conhecer". Deve-se ler e estudar Literatura por que é bom, mas deve-se ler e estudar Literatura por que é importante.
E como estudar Literatura? Como ensinar Literatura?
Falando mais da vida do autor do que lendo sua obra? Engessando as escolas literárias? Resumo? Esquema?
Deixe-nos dar um dica:

“Também não seria outra a verdadeira explicação para o fato de se considerarem aptos, muitas vezes, os gentios da terra e os mamelucos, a ofícios de que os pretos e mulatos ficavam legalmente excluídos. O reconhecimento da liberdade civil dos índios – mesmo quando se tratasse de uma “tutelada” ou “protegida”, segundo a sutil discriminação dos juristas – tendia a distanciá-los do estigma social ligado à escravidão. É curioso notar como algumas características ordinariamente atribuídas aos nossos indígenas e que os fazem menos compatíveis com a condição servil – sua “ociosidade”, sua aversão a todo esforço disciplinado, sua “imprevidência”, sua “intemperança”, seu gosto acentuado por atividades antes predatórias do que produtivas – ajustam-se de forma bem precisa aos tradicionais padrões de vida das classes nobres. E deve ser por isso que, ao procurarem traduzir para termos nacionais a temática da Idade Média, própria do romantismo europeu, escritores do século passado, como Gonçalves Dias e Alencar, iriam reservar ao índio virtudes convencionais de antigos fidalgos cavaleiros, ao passo que o negro devia contentar-se, no melhor dos casos, com a posição de vítima submissa ou rebelde.”

Sérgio Buarque de Holanda – Raízes do Brasil

É muito comum se ouvir que o índio no romantismo se parecia mais com um cavaleiro medieval do que com um índio propriamente dito, mas por quê? E, naquele momento, isto era uma visão distorcida por parte dos nossos escritores? Ou só se mostrou distorcida posteriormente? Na verdade, era ou é uma visão distorcida?
Deixem seus comentários...

Anna Carolina Trivilin e Steller de Paula

2 comentários:

Unknown disse...

A idealização do índio na literatura romântica brasileira é uma manifestação nacionalista compatível com o que o movimento artístico representava para uma nação recém-liberta,porém ainda bastante afetada pelos ideais europeizantes. Não tivemos Idade Média...precisávamos do nosso cavaleiro medieval, nada mais coerente que fosse o nosso aborígene, legítimo representante da nossa "Terra Brasilis".
Esse "blogger" é uma das riquezas culturais de nossa terra! Continuem firmes...sucesso!

Marcio Araujo disse...

Todo meio de construir um interesse das pessoas pela arte é válida. É com esse olhar que aprecio o trabalho nesse blogger e nesse curso que se iniciará em breve. Tendo para ele muitas expectativas de discussões sobre os escritos de autores importantes e todos voltados a um contextualização, como bem os textos de vocês apontam. No mais é esperar as boas leituras em conjunto.